Morgado de Fafe

O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo. A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente. Nesse sentido este espaço na blogosfera pretende ser uma plataforma de promoção de valores, de conhecimento e de divulgação dos trabalhos, actividades e percurso do escritor, historiador e professor minhoto, natural de Fafe, Daniel Bastos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vestígios da presença muçulmana no concelho de Fafe


O concelho de Fafe encerra inegáveis testemunhos de que pelo actual território concelhio passaram em distintos períodos históricos povos de várias proveniências, como por exemplo, os Romanos como confirmam os vestígios arqueológicos espalhados pelo concelho, particularmente notórios no Castro de Santo Ovídio.
Escrevo, no entanto, este artigo para chamar a atenção para uma outra civilização que esteve igualmente presente na região, nomeadamente a Civilização Muçulmana.
A maioria de nós tem a ideia de que a presença islâmica em Portugal, iniciada com a invasão da Península Ibérica no ano de 711, abrangeu somente os territórios do sul do país dada a enorme profusão de vestígios. Conquanto a influência tenha sido mínima a norte do Douro, Porto e Braga foram reconquistadas no ano de 868, nesta zona chegaram a estar contingentes de tropas beberes.
Assim se entende a reconquista de “Villa Guntini” (Gontim) aos Muçulmanos, enunciada em 747 no testamento do bispo Odoário e referida por Damião Peres (História de Portugal – Edição Monumental Comemorativa do 8.º Centenário da Fundação da Nacionalidade).
O estudo das origens dos nomes das freguesias do concelho de Fafe evidencia igualmente possíveis raízes muçulmanas, segundo o filólogo Joseph M. Piel o nome “Fafe” é bastante comum na designação árabe “Halafafe”. Ainda na toponímia local, Lopes Oliveira acentua que o nome “Seidões” seria de origem árabe.
Nesta esteira, o historiador português do séc. XIX, Pinho Leal, autor da obra “Portugal Antigo e Moderno”, sustenta que o nome “Fareja” é de origem árabe “Fareija”, que significa “prazer”, referindo na mesma obra que nos limites da actual freguesia de Fareja existiu a antiquíssima cidade “Eufragia”, que segundo o mesmo foi destruída no ano de 965, pelo mouro Al-Coraxi, rei de Sevilha, que a arrasou completamente!
Refira-se ainda que a partir da reconquista cristã as terras que se desintegravam do domínio muçulmano, processo comum desde o séc. IX ao séc. XII, tornavam-se pontos estratégicos na defesa do reduto cristão, sendo que essa estratégia de defesa está patente no chamado Penedo dos Mouros na freguesia de Quinchães, local onde terá existido um castelo “roqueiro” e possivelmente na freguesia de Travassós, no lugar da Atalaia, designação que significa torre ou lugar de vigia.

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